Caos entre KOLs estrangeiros: ZachXBT revela armadilhas de promoções pagas de milhões de dólares

Autor: San & David, Deep Tide TechFlow

Título original: Mostra de Posturas dos KOLs Estrangeiros ao Cortar “Cebolas”: Clusterização, Hype e Omissão

Em 1º de setembro, quando a atenção e a liquidez do mercado estavam focadas no $WLFI de Trump, o famoso detetive on-chain @ZachXBT voltou a fazer revelações.

Ele expôs uma planilha de pagamentos de promoção de KOLs estrangeiros, registrando vários KOLs da comunidade de língua inglesa promovendo projetos cripto na plataforma X mediante pagamento, envolvendo diversas contas e um valor total superior a 1 milhão de dólares; o preço por tweet variava de 1.500 a 60.000 dólares, dependendo da influência do KOL.

ZachXBT apontou que, entre os KOLs listados, menos de cinco marcaram suas postagens promocionais como “anúncio”, o que significa que, na maioria dos casos, você não sabe se está lendo um post patrocinado ou uma recomendação espontânea.

Logo depois, outro pequeno detetive, @dethective, fez uma análise e organização adicional da planilha original, descobrindo que esses KOLs estrangeiros têm ainda mais truques quando se trata de promoções pagas.

Uma pessoa, várias contas, recebendo duas vezes do mesmo projeto

Na análise de @dethective, um dos primeiros problemas identificados foi a repetição de alguns endereços de carteira na lista.

Isso significa que a mesma carteira pode estar vinculada a várias contas de KOL, recebendo pagamentos múltiplos pelo mesmo projeto.

Por exemplo, as contas @Regrets10x e @lynk0x. A lista mostra que a primeira recebeu 8.000 dólares por quatro posts, enquanto a segunda recebeu 12.000 dólares pelos mesmos quatro posts, possivelmente devido à diferença no número de seguidores.

Mas o endereço da carteira é exatamente o mesmo:

EKvYizd7LqTmMj4QqmKsHm8wdg7TXzFoHHg664FdnhCRh

Após cruzar os dados, o blogueiro @dethective descobriu que não são apenas essas duas contas; há cerca de 10 casos semelhantes de carteiras repetidas em toda a lista.

Uma possível razão é que alguns KOLs estrangeiros, para ampliar sua influência, usam contas secundárias ou associadas para participar de promoções, mas não trocam o endereço da carteira, deixando rastros.

Mas, pensando mais a fundo, não trocar o endereço da carteira, seja por preguiça ou descuido, na verdade reflete uma estratégia de clusterização: várias contas promovendo o mesmo projeto ao mesmo tempo, ocupando a timeline e a atenção nas redes sociais, o que pode gerar FOMO nos seguidores.

Claro, os donos das contas expostas também não ficaram calados.

@lynk0x negou ter recebido dinheiro nos comentários, dizendo que @Regrets10x é apenas um amigo e que compartilharam a carteira por coincidência. Mas @dethective rapidamente apresentou provas:

Essa carteira recebeu 60.000 dólares em um airdrop de um projeto chamado “Boop”, e para receber o airdrop era necessário vincular a conta X. Isso prova indiretamente a relação de controle entre a conta e a carteira, tornando difícil negar.

@Regrets10x respondeu de forma mais casual, não respondendo diretamente à acusação, mas dizendo que, desde que a promoção paga seja divulgada no post, não há problema.

Ganhar dinheiro com publicidade não é errado, e a divulgação adequada ajuda os outros a entenderem os motivos e interesses por trás dos posts. Alguns KOLs mais profissionais costumam adicionar “interesse relacionado” ou “sem interesse” ao final de certos posts.

O problema é que, se duas contas pertencem à mesma pessoa, e uma delas marca o post como publicidade enquanto a outra não, isso parece mais uma estratégia de construção de imagem de um “matriz de contas”.

E há quem tenha transformado a promoção em massa de contas em uma verdadeira indústria.

Anteriormente, a DFRLab publicou um estudo chamado “Análise das Fraudes Cripto no Twitter”, mencionando que certos grupos cinzentos podem controlar dezenas de contas, publicando quase 300 tweets por dia, criando uma falsa sensação de aprovação popular por meio de criação em massa de contas, automação de retweets e respostas, além de endossos cruzados.

Os operadores geralmente compram contas antigas ou registram novas em massa, mudam o nome e a foto de perfil e, assim, surgem novos KOLs. Depois, usam scripts para copiar recomendações para os comentários de tweets de alto tráfego para atrair seguidores.

“To The Moon”

Após a exposição da lista, outro ponto de destaque é que os lucros das carteiras desses KOLs estrangeiros muitas vezes coincidem com os tokens que eles promovem.

Ou seja, eles não estão apenas compartilhando “dicas” aleatórias, mas recebem a tarefa, promovem o token e depois também negociam por conta própria.

Por exemplo, a conta @0xSweep, na análise de carteira de @dethective, tem como principais fontes de lucro alguns tokens na plataforma de negociação BullX: $AETHER, $BOB, $BARSIK, entre outros.

O detalhe é que esses tokens aparecem na lista de promoções pagas revelada por ZachXBT; e @0xSweep também os mencionou repetidamente em seus posts na X, dizendo que têm grande potencial e podem “to the moon”.

Mas o registro da carteira mostra que essas negociações lucrativas ocorreram justamente antes ou depois das promoções, sugerindo que o projeto pagou para ele postar, o token ganhou hype após o post, e ele aproveitou para negociar e mostrar atividade.

Isso significa que, se uma conta está sempre compartilhando dicas de negociação, talvez sua renda não venha realmente de negociações ou de análise de mercado.

Outro caso semelhante é o de @ShmooNFT. Seu canal no Telegram promove cerca de 10 tokens por dia, parecendo ser um compartilhamento entusiástico.

Mas o rastreamento da carteira mostra que suas poucas negociações lucrativas, como $DEGE, $BON, $BOTIFY, foram todas promovidas na X e estão na lista de exposições de ZachXBT.

O problema central desse modelo é que as “dicas” dos KOLs têm interesses ocultos: posts promocionais não são marcados como anúncios, fazendo os seguidores acreditarem que são recomendações sinceras, quando na verdade são parcerias pagas.

Se o token realmente tiver potencial, todos ficam felizes, mas se for um “shitcoin” que vai a zero, a credibilidade e influência do KOL também caem.

O truque é que esses KOLs estrangeiros podem lucrar de três formas.

Primeiro, recebem tokens gratuitos via airdrop, depois cobram do projeto pela promoção, e por fim, vendem os tokens após inflar o preço com hype.

E há ainda estratégias avançadas: após mostrar lucros e construir a imagem de “deus do trading”, criam grupos pagos e cobram taxa de entrada.

Onde há demanda, há mercado

No final da análise, dethective faz uma pergunta importante:

Por que alguns projetos, mesmo conhecendo os hábitos e truques desses KOLs estrangeiros, ainda escolhem essas contas?

A resposta é simples: onde há demanda, há mercado.

Alguns projetos preferem esse público que “quer enriquecer rápido”, e algumas das contas expostas operam canais e grupos que absorvem perfeitamente esse público: pessoas sem capacidade de pesquisa independente, que acreditam mais em calls e na sorte, tentando encontrar um “golden dog” subvalorizado.

Frequentemente, essas contas de KOL são consideradas “mais valiosas comercialmente” em um mercado onde as más práticas expulsam as boas.

Expor esses casos envolve disputas de interesse e pode trazer problemas; mas basta que um ou dois tokens recomendados tenham sucesso para que a imagem de “mestre do trading” se espalhe.

No mercado onde é difícil distinguir ruído de verdade, investir em cripto não é tão simples quanto seguir calls. Sempre haverá blogueiros que “sempre ganham”, mas o dinheiro perdido não volta mais.