Bitcoin se prepara para mudança no balanço do Fed à medida que o ciclo de liquidez muda

A decisão do Federal Reserve de encerrar seu programa de aperto quantitativo colocou os mercados de cripto em um ponto crítico, com investidores ponderando se essa mudança reacenderá a alta do Bitcoin ou levará a uma repetição da queda pós-política de 2019.

Os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na terça-feira sugeriram o fim da redução do balanço do banco central, também conhecida como aperto quantitativo.

Esse processo é otimista para ativos de risco como Bitcoin, conforme especialistas já disseram à Decrypt. No entanto, a mudança do Fed pode ser uma faca de dois gumes.

Historicamente, tais transições foram inicialmente recebidas com volatilidade, mas acabaram abrindo caminho para fluxos de capital em investimentos de maior rendimento à medida que o afrouxamento começa.

"Apesar de um corte de 25bps na taxa, os traders estão reduzindo as expectativas para novos afrouxamentos, agora precificando uma chance menor de outro corte em dezembro", disse Riya Sehgal, analista de pesquisa da Delta Exchange, à Decrypt. "Os fluxos de ETF confirmam o tom cauteloso, com fundos de Bitcoin registrando saídas de US$ 197,5 milhões e fundos de Ethereum US$ 66,2 milhões."

No entanto, o cenário atual, que inclui uma guerra comercial entre EUA e China e pressão política sobre o Fed, lembra fortemente 2019.

“Os paralelos são claros: pressão tarifária, interferência política e um Fed dovish, mas desta vez o Bitcoin está no centro dos fluxos globais de liquidez”, disse Ryan Lee, analista-chefe da Bitget, à Decrypt. “Diferente do mercado pré-institucional de 2019, o cenário atual de cripto pode amplificar o potencial de alta em vez de desencadear estresse.”

“As coisas estão bem diferentes do ciclo de liquidez de 2019”, disse Sean Dawson, chefe de pesquisa da plataforma de negociação de opções on-chain Derive, à Decrypt, citando diferenças-chave no contexto macroeconômico.

Dawson destacou que a taxa de juros atual, de aproximadamente 4%, é muito maior do que os 2,5% vistos em 2019, o que significa que “há mais energia acumulada nos mercados que pode fluir para ativos de risco como Bitcoin se as taxas caírem.”

Uma iminente mudança de liderança no banco central, envolvendo uma substituição escolhida por Trump, também provavelmente acelerará os cortes de juros, acrescentou o analista, sugerindo que isso criaria um “Fed fiscalmente flexível” que seria “extremamente benéfico para os detentores de Bitcoin.”

Embora Lee reconheça que as tensões comerciais entre EUA e China e a pressão política possam causar volatilidade de curto prazo e levar a uma correção de 10% a 15% para o Bitcoin, ele acredita que “o ciclo mais amplo de afrouxamento estabelece um tom de apoio para ativos de risco.”

“Os traders de opções ainda estão buscando proteção de curto prazo, um sinal de que o medo do crash de outubro permanece fresco na memória do mercado”, observou Dawson, ecoando a cautela expressa por Lee.

Apesar do potencial para quedas de curto prazo, ambos os especialistas concordaram que a perspectiva de longo prazo é decididamente otimista, impulsionada pela nova realidade regulatória e macroeconômica.

“Estamos realmente em águas desconhecidas; a administração atual está totalmente comprometida com a adoção de cripto, juntamente com a expectativa de taxas mais baixas, o que é extremamente positivo para o Bitcoin”, disse Dawson.

O afrouxamento do Fed é necessário para que o Bitcoin rompa a faixa de negociação de US$ 105.000 a US$ 115.000, disse o analista, prevendo um alvo de US$ 200.000 para o terceiro trimestre de 2026, dependendo de desenvolvimentos macroeconômicos e geopolíticos favoráveis.