Musk faz apelo a 100 mil manifestantes em Londres: Reino Unido precisa de uma "mudança revolucionária"

O homem mais rico do mundo e CEO da Tesla (TSLA.O), Musk, afirmou no último sábado que o Reino Unido precisa de uma “mudança revolucionária no governo”, apelando para que o Reino Unido “dissolva o Parlamento” e “substitua o governo”.

No fim de semana, uma grande manifestação chamada “Unite the Kingdom” (Unir o Reino), organizada pelo extremista de direita Tommy Robinson, explodiu em Londres, com mais de 100 mil participantes. O pano de fundo deste protesto é o aumento do nacionalismo no Reino Unido e a ascensão de partidos de extrema-direita nas pesquisas de opinião. Além disso, o ativista conservador americano Charlie Kirk foi assassinado na semana passada, e Robinson usou esse evento para mobilizar apoiadores.

Os manifestantes expressaram demandas sobre imigração ilegal, identidade nacional e liberdade de expressão, criticando as políticas de imigração do governo. Durante o protesto, houve confrontos com a polícia, resultando em 26 policiais feridos e pelo menos 25 pessoas presas em meio ao caos.

Musk participou do protesto de forma online. Em uma sessão de perguntas e respostas com Robinson, ele disse: “O Reino Unido precisa de uma grande reforma governamental, o poder deve estar nas mãos do povo, não de burocracias indiferentes.”

Musk falou à multidão por transmissão em tela grande: “A violência está vindo em sua direção. Ou você reage, ou morre.” Ele acrescentou à distância: “O que eu peço é o bom senso britânico, que olhem ao redor e pensem seriamente: ‘Se isso continuar, em que tipo de mundo você vai viver?’”

Ele também mencionou o ativista político americano Charlie Kirk, assassinado na última quarta-feira, dizendo que “pessoas da esquerda” estavam “publicamente” comemorando sua morte. Musk afirmou: “A esquerda é o partido do assassinato, o partido que celebra assassinatos.”

Essas declarações foram feitas enquanto o presidente dos EUA, Trump, se prepara para uma visita de Estado ao Reino Unido, e a próxima eleição geral britânica só ocorrerá daqui a quatro anos.

Esta não é a primeira vez que Musk se envolve na política britânica. Anteriormente, ele já havia trocado farpas com o governo do Reino Unido sobre a questão de “gangues de sequestro” e criticou a Lei de Segurança Online de 2023, dizendo que a legislação ameaça a liberdade de expressão. No verão passado, houve uma onda de tumultos violentos anti-imigração no Reino Unido, e Musk declarou na época que “a guerra civil é inevitável”. Em janeiro deste ano, ao relembrar escândalos de abuso sexual infantil em algumas regiões do Reino Unido, Musk disse que o primeiro-ministro britânico Starmer deveria ser preso.

Musk chegou a se aliar ao líder do partido populista “Reform UK”, Nigel Farage. Mas a amizade dos dois se rompeu no início deste ano, pois Farage se recusou a apoiar Musk em seu apoio a Robinson.

O ministro do Comércio britânico, Peter Kyle, afirmou em entrevista à BBC no último domingo que os comentários de Musk eram “um pouco difíceis de entender” e “totalmente inadequados”.

No entanto, Kyle acrescentou que o protesto organizado por Robinson mostra que os detentores do poder precisam enfrentar “grandes questões” que podem preocupar o público, incluindo a questão da imigração. Kyle disse: “Acredito que esses momentos servem como um alerta para nós, políticos, lembrando-nos de que devemos redobrar os esforços para resolver as grandes preocupações do povo em todo o país.”

Além do Reino Unido, Musk também interveio frequentemente em assuntos políticos europeus, gerando ampla atenção e controvérsia.

Na Alemanha, antes das eleições federais deste ano em fevereiro, Musk declarou publicamente seu apoio ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha em várias ocasiões, chegando a dizer, em uma ligação com a líder do partido, Weidel, que “apenas a Alternativa pode salvar a Alemanha”, e apelou aos eleitores alemães para votarem no partido. Essa declaração gerou preocupação do então chanceler alemão Scholz, que considerou que isso poderia impactar negativamente a estabilidade política da Alemanha.

Além disso, Musk acusou a França de abuso do sistema judiciário. No final de março deste ano, a líder do partido de extrema-direita francês Rassemblement National, Le Pen, foi condenada por desvio de fundos públicos da União Europeia, enfrentando quatro anos de prisão e cinco anos de inelegibilidade para cargos públicos. Na época, Musk acusou a “esquerda radical” francesa de abusar do sistema judiciário para prender adversários, o que gerou críticas de vários altos funcionários franceses, incluindo o presidente Macron.

A Polícia Metropolitana de Londres informou que, no protesto de extrema-direita de sábado, 24 pessoas foram presas e 26 policiais ficaram feridos, sendo quatro gravemente. Os ferimentos incluíram dentes quebrados, suspeita de fratura nasal, concussão, hérnia de disco e lesões na cabeça. Starmer escreveu na plataforma X no domingo: “Não toleraremos ataques a policiais no exercício de suas funções, nem permitiremos que alguém sinta medo nas ruas por sua origem ou cor de pele.”