Empréstimos lastreados em Bitcoin transformaram um crash em uma saída controlada | Opinião

Em 10 de outubro de 2025, o Bitcoin (BTC) caiu drasticamente, de cerca de US$ 122.000 para US$ 102.000 em menos de uma hora. Foi um dos maiores eventos de liquidação da história das criptomoedas, eliminando mais de US$ 19 bilhões em posições alavancadas em várias exchanges. Alguns traders assistiram incrédulos enquanto o BTC caiu brevemente abaixo de US$ 100.000 antes de se recuperar algumas horas depois.

Enquanto muitos viram apenas o caos, o evento revelou algo mais profundo sobre como o empréstimo lastreado em BTC pode funcionar tanto como uma ferramenta de financiamento quanto como uma forma embutida de gestão de risco.

O dilema do financiamento: vender ou tomar empréstimo?

Imagine que você está gerenciando uma empresa que possui um tesouro em BTC no valor de US$ 1 milhão, acumulado no início do ano como parte de sua estratégia de balanço patrimonial. Você comprou Bitcoin em abril de 2025 a cerca de US$ 80.000 por moeda, vendo-o tanto como reserva de valor quanto como diversificação das reservas de caixa. Você está otimista no longo prazo, mas ainda precisa de liquidez para cobrir custos operacionais mensais — folha de pagamento, marketing, desenvolvimento de produto, entre outros.

Agora você enfrenta uma questão clássica: como financiar as operações da forma mais eficiente? Você tem duas opções:

Opção 1 – Vender parte do seu BTC a cada mês

Isso fornece dinheiro, mas reduz sua exposição ao BTC e o potencial de valorização futura. Suponha que você venda seu BTC a cada mês pelos seguintes preços:

Essa abordagem lhe dá financiamento de curto prazo, mas obriga você a se desfazer de ativos que estão se valorizando.

Opção 2 – Tomar empréstimo usando seu tesouro em BTC como garantia

Em vez de vender, você usa seu BTC como garantia e toma empréstimos em Tether (USDT) ou moeda fiduciária através de plataformas de empréstimo. A cada mês, você aumenta um pouco seu empréstimo, e o preço de liquidação — o nível em que o BTC seria vendido automaticamente para pagar o empréstimo — sobe gradualmente.

Esse preço funciona efetivamente como um stop-loss: se o BTC cair abaixo dele, a garantia é liquidada automaticamente. Essa estrutura permite que você permaneça investido enquanto usa suas reservas em BTC como capital de giro — transformando convicção de longo prazo em liquidez de curto prazo.

O que aconteceu durante a queda

Um trader utilizou exatamente essa estrutura. No início de outubro, seu empréstimo lastreado em BTC tinha um nível de liquidação em torno de US$ 115.000. Quando ocorreu o flash crash de 10 de outubro, o sistema automatizado de liquidação foi acionado próximo a esse nível.

À primeira vista, a liquidação parece negativa. Mas, neste caso, ela na verdade garantiu os lucros — o BTC havia sido comprado meses antes a US$ 80.000. A venda automática a US$ 115.000 encerrou a posição com um forte ganho antes do colapso mais amplo do mercado.

O sistema funcionou exatamente como planejado. Protegeu o capital, preservou a liquidez e transformou o que poderia ter sido uma chamada de margem em uma saída disciplinada.

O papel dos oracles: os dados da Chainlink importam

A liquidação se baseou na precificação do oracle da Chainlink, que agrega dados de várias grandes exchanges para produzir uma média de mercado confiável. Durante a queda, algumas exchanges — especialmente aquelas com livros de ofertas mais finos — mostraram brevemente o BTC abaixo de US$ 100.000.

Mas o feed da Chainlink permaneceu mais próximo de US$ 104.000–105.000, refletindo um nível de mercado mais justo. Essa diferença é importante. Ao usar dados descentralizados de oracles, o sistema evitou liquidações desnecessárias que poderiam ter sido desencadeadas por um erro temporário de precificação em uma exchange.

É um exemplo fundamental de como empréstimos automatizados e feeds de dados confiáveis podem reduzir riscos, mesmo em mercados de alta volatilidade.

Lições do flash crash de outubro

O evento de 10 de outubro lembrou a todos que a alavancagem em cripto é poderosa — e perigosa.

Mas também mostrou que empréstimos bem estruturados e lastreados em ativos podem transformar a volatilidade em aliada:

• Liquidações nem sempre significam perdas — às vezes significam lucros garantidos automaticamente.
• A execução automatizada pode superar reações manuais em mercados rápidos.
• Tesouros de BTC bem gerenciados podem acessar liquidez com segurança, mesmo em condições extremas.

A queda de outubro de 2025 não foi apenas outro choque de mercado. Foi um teste de estresse do mundo real de como uma infraestrutura financeira correta pode melhorar a gestão de risco.