Trump critica duramente Putin e toma medidas severas contra gigante petrolífera russa, enquanto Moscou permanece em silêncio incomum

No dia seguinte às críticas do presidente dos Estados Unidos, Trump, ao presidente russo, Putin, e à imposição de severas sanções contra as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia, Moscou mergulhou em um silêncio gelado.

Poucos dias após uma conversa telefônica “muito produtiva” entre os dois líderes, Trump parecia estar do lado da Rússia. No entanto, o presidente dos EUA mudou de estratégia na quarta-feira, expressando decepção com Moscou.

“Cancelamos o encontro com o presidente Putin. Simplesmente, não parecia apropriado nos encontrarmos. Senti que não chegaríamos ao ponto que precisamos chegar (cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia). Então cancelei, mas faremos isso no futuro,” disse Trump na quarta-feira. “Toda vez que converso com Putin, temos uma boa conversa, mas depois não acontece nada, simplesmente não há progresso.”

Quando questionado sobre o motivo de escolher este momento para impor um pacote de sanções às gigantes petrolíferas Lukoil e Rosneft, Trump disse: “Apenas senti que era a hora, já esperamos muito tempo.”

Silêncio gelado

Os comentários de Trump sobre Putin estiveram notavelmente ausentes das reportagens de quinta-feira dos meios de comunicação oficiais pró-Kremlin, como TASS, Sputnik e RIA Novosti, com quase nenhuma menção às críticas ou ao encontro cancelado.

No dia anterior, a mídia oficial russa ainda estava otimista de que a reunião planejada entre Putin e Trump, originalmente marcada para acontecer na Hungria, mas adiada pela Casa Branca, ocorreria.

O Kremlin e vários altos funcionários russos atribuíram o fracasso da cúpula Trump-Putin a “fake news”, mas após a reafirmação da posição da Rússia de não apoiar um cessar-fogo imediato na Ucrânia, a Casa Branca aparentemente suspendeu o encontro.

O secretário de imprensa de Putin, Peskov, ainda não comentou publicamente sobre o encontro cancelado, as sanções ou as perspectivas de futuras reuniões entre Trump e Putin.

Segundo relatos, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Zakharova, afirmou na quinta-feira que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia está pronto para “continuar o contato” com o Departamento de Estado dos EUA, mas afirmou que seus objetivos na Ucrânia “permanecem inalterados”. Ela acrescentou que as sanções mais recentes contra Rosneft e Lukoil são contraproducentes para encontrar uma solução pacífica.

Figura conhecida por sua postura antiocidental, o ex-presidente russo Medvedev criticou a decisão de Trump de cancelar a cúpula de Budapeste, comentando na quinta-feira que “Os EUA são nossos adversários, e o ‘pacificador’ falador (Trump) agora está totalmente no caminho do confronto com a Rússia, completamente alinhado com a Europa enlouquecida.”

Pressão das sanções

O Departamento do Tesouro dos EUA afirmou que as sanções contra Lukoil, Rosneft e dezenas de subsidiárias visam pressionar Moscou a concordar com um cessar-fogo. Moscou utiliza a receita das vendas globais de petróleo para financiar seu conflito de três anos e meio na Ucrânia.

O Tesouro afirmou que as novas sanções prejudicarão a capacidade do Kremlin de levantar fundos. O secretário do Tesouro, Bessent, disse que, se necessário para apoiar os esforços de Trump para encerrar mais um conflito, seu departamento “está pronto para tomar novas medidas, e encorajamos nossos aliados a se juntarem a nós e cumprirem essas sanções.”

A União Europeia também lançou uma nova rodada de sanções contra a Rússia na quinta-feira. As medidas, aprovadas pelos Estados-membros na noite de quarta-feira, incluem a proibição da importação de gás natural liquefeito (GNL) russo.

A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia, Kallas, disse na quinta-feira que as novas sanções “são um forte sinal das sanções dos EUA contra as grandes empresas petrolíferas russas. Isso realmente priva a Rússia dos meios para financiar este conflito. Isso é necessário para acabar com este conflito.”