Sindicato de Hollywood critica atriz de IA Tilly Norwood por ameaça de empregos

O maior sindicato de atores de Hollywood, SAG-AFTRA, denunciou a “atriz” gerada por IA, Tilly Norwood, alertando que ela ameaça empregos e diminui a arte humana.

A personagem foi desenvolvida pela comediante e tecnóloga Eline Van der Velden, que fundou a Xicoia, sediada em Londres, após desmembrá-la de sua empresa Particle6.

Norwood foi apresentada na semana passada no Zurich Summit durante o Zurich Film Festival, rapidamente ganhando atenção tanto do público quanto de agentes de talentos.

A SAG-AFTRA enfatizou que Norwood não é uma atriz, mas sim “uma personagem gerada por um programa de computador treinado com o trabalho de inúmeros artistas profissionais — sem permissão ou compensação.”

O sindicato acrescentou que a criação por IA “não tem experiência de vida para se basear, nem emoção”, insistindo que o público deseja histórias enraizadas em experiências humanas.

A SAG-AFTRA também alertou os produtores de que o uso de intérpretes sintéticos exige aviso prévio e negociação conforme as regras do sindicato.

A Particle6 ainda não comentou publicamente sobre a controvérsia em torno de Norwood.

Van der Velden defendeu sua criação no Instagram, chamando Norwood de um experimento criativo semelhante à animação, marionetes ou CGI.

“Vejo a IA não como um substituto das pessoas, mas como uma nova ferramenta, um novo pincel”, escreveu Van der Velden, acrescentando que Tilly foi “um ato de imaginação e habilidade artesanal.”

A atriz Emily Blunt reagiu dizendo: “Meu Deus, estamos ferrados. Isso é realmente, realmente assustador.”

Whoopi Goldberg ecoou as preocupações, afirmando: “Ela tem a atitude de Betty Davis, tem o humor de Humphrey Bogart, tem o meu humor. Então, é um pouco de vantagem injusta, mas sabe de uma coisa? Que venha.”

O sindicato comparou o debate a batalhas trabalhistas passadas, lembrando que a IA foi um ponto-chave em sua greve de 2023 sobre direitos de imagem e consentimento.

Apesar das críticas, Van der Velden disse que espera que a IA seja abraçada “como parte da família artística mais ampla”, abrindo portas para novas vozes criativas e narrativas.