Fechamento do preço do Bitcoin em agosto: um novo começo ou uma pausa no mercado de alta?

O mercado de Bitcoin chegou novamente a um ponto de inflexão crucial. Até hoje, 1º de setembro, o preço de fechamento do Bitcoin em agosto ficou em torno de 108.000 dólares, marcando a primeira queda mensal desde abril.

O índice de Medo e Ganância caiu para um nível neutro de 47, os investidores de varejo já não sentem mais o entusiasmo do início do mês quando o Bitcoin atingia máximas históricas, enquanto as baleias hesitam entre aumentar suas posições ou vender em meio à queda contínua.

O mercado está preso em uma intensa disputa entre a histórica “maldição de setembro” e sinais técnicos otimistas que sugerem uma possível nova máxima. Essa contradição e incerteza lançam as bases para a movimentação do mercado em setembro.

Padrão histórico: setembro é tradicionalmente um período fraco para o Bitcoin

Desde o início das negociações de Bitcoin, setembro é conhecido por seu desempenho fraco.

Retorno mensal do Bitcoin

De acordo com dados históricos da Coinglass, a queda média do Bitcoin em setembro é de 3,77%, sendo um dos únicos dois meses do ano com retorno médio negativo.

Analisando mais a fundo, em 10 dos últimos 14 anos o Bitcoin caiu em setembro, com uma probabilidade de queda de 71,4%. Especialmente em setembro de 2011, o Bitcoin despencou 37,65%, registrando o pior desempenho mensal de sua história.

Retorno médio mensal do S&P 500 desde 1928

O mercado de ações tradicional também apresenta o “efeito setembro”. Desde 1928, o S&P 500 tem um retorno médio de cerca de -1,2% em setembro, sendo o único mês com desempenho consistentemente negativo. Essa fraqueza sazonal assombra o mercado há quase um século.

Essa queda recorrente é sustentada por mecanismos de mercado. Fundos mútuos geralmente encerram seu ano fiscal em setembro, o que desencadeia a realização de prejuízos fiscais e o rebalanceamento de portfólios, liberando grande volume de ordens de venda no mercado.

Múltiplos fatores: as razões profundas para a fraqueza de setembro

O “setembro vermelho” não é uma coincidência, mas o resultado da ação conjunta de vários fatores.

Yuri Berg, consultor da provedora suíça de liquidez cripto FinchTrade, aponta: “Esse padrão é fácil de prever: discussões negativas nas redes sociais aumentam por volta de 25 de agosto, seguidas por um aumento nos depósitos de Bitcoin em exchanges nas 48-72 horas seguintes.”

A contração da liquidez é um dos fatores centrais. Após o fim das férias de verão, os traders retornam ao trabalho e reavaliam suas posições após meses de baixa liquidez. Ao mesmo tempo, após o Dia do Trabalho, há um aumento na emissão de títulos, e os fundos institucionais começam a migrar de ações e ativos de risco para produtos de renda fixa.

A incerteza da política do Federal Reserve também intensifica a volatilidade do mercado. O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) realiza sua reunião em setembro, e essa incerteza política geralmente paralisa as compras até que a direção fique clara.

No setor de criptomoedas, essas pressões são ainda mais amplificadas: o Bitcoin é negociado 24/7, sem “mecanismo de circuit breaker” para conter as vendas aceleradas; além disso, o valor de mercado total é menor, tornando-o mais suscetível ao impacto dos fluxos das baleias.

Desempenho recente: o mercado já mostra sinais de fraqueza sob pressão

O mercado já mostrava sinais de fraqueza no final de agosto. Em 26 de agosto, o Bitcoin caiu para 108.717 dólares, marcando o quarto dia consecutivo de queda. Ethereum também recuou fortemente, caindo para 4.314 dólares, uma queda de 13% em relação à máxima histórica. Em 29 de agosto, após uma breve recuperação, o Bitcoin voltou a cair acentuadamente para o mínimo de 107.300 dólares, desencadeando liquidações em massa.

Segundo dados da CoinGlass, o volume de liquidações de posições longas no último mês já superou o total de janeiro a julho, com reações em cadeia rápidas e as principais altcoins sob pressão.

De acordo com a Coinglass, se o Bitcoin cair para 106.000 dólares, mais de 1.1 bilhões de dólares em posições longas poderão ser liquidadas.

Segundo a Coinglass, se o Ethereum cair para 4.260 dólares, mais de 800 milhões de dólares em posições longas poderão ser liquidadas.

O fluxo de capital para ETFs desacelerou, aumentando ainda mais a pressão de baixa. Nas últimas duas semanas, os ETFs de Bitcoin registraram saídas de quase 1.5 bilhões de dólares, indicando que a confiança dos investidores institucionais está enfraquecendo.

Os dados on-chain também revelam sinais estruturais. A Glassnode aponta que todos os grupos de detentores de Bitcoin “já entraram coletivamente na fase de distribuição”, destacando a pressão generalizada de venda no mercado.

Cenários divergentes: analistas de mercado têm opiniões divididas

Diante do ambiente de mercado complexo, os analistas apresentam opiniões divergentes sobre as perspectivas de curto prazo.

Alguns analistas acreditam que o Bitcoin pode testar novamente o patamar de 100.000 dólares.

Dr. Profit prevê que setembro pode romper abaixo de 100.000 dólares, mas depois há chance de recuperação.

Doctor Profit acrescenta uma visão pessimista sob as perspectivas macro e psicológica. Ele acredita que o corte de juros do Federal Reserve em setembro, em vez de ser positivo, pode ser o estopim da incerteza. Diferente do “corte suave” de 2024, desta vez pode ser um verdadeiro “ponto de inflexão”.

No entanto, outros analistas discordam. Rekt Fencer afirma: “O Bitcoin não vai cair abaixo de 100.000 dólares neste ciclo e atingirá novas máximas novamente.”

O analista Rekt Fencer afirma que, com base no desempenho do Bitcoin em 2017, este ano “não haverá uma queda acentuada em setembro”.

Os gráficos de 2017 e 2025 mostram um cenário quase espelhado. Em ambos os ciclos, o Bitcoin caiu acentuadamente no final de agosto, encontrou suporte em um nível crítico e depois reverteu para cima.

Comparação da tendência diária de preços BTC/USD em 2017 e 2015.

Já em 2017, esse reteste marcou a última oscilação antes do preço do BTC disparar para 20.000 dólares.

Avançando para hoje, o Bitcoin está novamente oscilando próximo à base de vários meses entre 105.000 e 110.000 dólares, nível que pode servir como plataforma para outro movimento parabólico de alta.

Ambiente macro: enfraquecimento do dólar pode ser fator de apoio

Mudanças no ambiente macroeconômico podem dar suporte ao Bitcoin. Com a desaceleração da economia dos EUA e a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve pressionando o sentimento do mercado, operadores de câmbio começaram a apostar na queda do dólar. Eles esperam que o dólar caia mais 8% este ano, e as críticas de Donald Trump ao Federal Reserve intensificam essa tendência de baixa.

Correlação de 52 semanas entre BTC/USD e DXY.

Recentemente, a correlação de 52 semanas entre o Bitcoin e o índice do dólar (DXY) caiu para -0,25, o menor nível em dois anos. Esse aumento da correlação negativa significa que, se o dólar continuar caindo, a probabilidade de alta do Bitcoin aumenta.

A política do Federal Reserve continua sendo uma variável-chave. O mercado espera amplamente que o Fed corte os juros novamente na reunião de 18 de setembro. No entanto, a inflação central permanece estagnada em 3,1%, enquanto duas guerras em andamento estão perturbando as cadeias globais de suprimentos, formando uma “tempestade perfeita”.

O analista Ash Crypto afirma: “O Federal Reserve vai ligar a impressora de dinheiro no quarto trimestre deste ano”, acrescentando: “Dois cortes de juros significam que trilhões de dólares vão fluir para o mercado de criptomoedas. Estamos prestes a entrar em uma fase parabólica, com os preços das altcoins subindo de 10 a 50 vezes.”

Três cenários: possíveis caminhos para o mercado em setembro

Com base na situação atual do mercado, o autor aponta três cenários possíveis.

Queda antes da alta — Se o BTC cair, seu preço pode chegar a 100.000-104.000 dólares, eliminando os longos excessivamente alavancados. Depois disso, um forte rali pode levá-lo a 130.000 dólares, com a faixa de suporte de alta (BSB) em torno de 106.000 dólares servindo como trampolim.

Manter o suporte — Por outro lado, se o BTC se mantiver na região de 107.000 a 110.000 dólares, ele pode rapidamente recuperar 114.500 dólares e subir, especialmente se o corte de juros aumentar o ímpeto.

Sinal de baixa no pior cenário — O verdadeiro perigo é uma queda mais profunda. Cair para a média móvel de 50 semanas (92.000 a 98.000 dólares) sinalizaria uma reversão da tendência de alta. Historicamente, romper esse nível marcou o topo do ciclo, como em 2017 e 2021.

Atualmente, o consenso do mercado é que a consolidação ampla/intervalo lateral é o cenário mais provável. Nesse caso, notícias positivas e negativas se misturam, o mercado carece de direção clara, as forças de compra e venda estão equilibradas e o preço oscila dentro de uma faixa ampla.

Considerações finais

Os dados históricos mostram que o Bitcoin realmente tem dificuldade em escapar da “maldição de setembro”.

Mas a análise técnica apresenta um cenário diferente que merece atenção: a faixa de suporte crucial entre 100.000 e 106.000 dólares, divergências ocultas de alta e o ambiente macro de enfraquecimento do dólar podem juntos impulsionar um rali inesperado do Bitcoin em setembro.

O mercado sempre busca direção em meio à incerteza. Setembro pode ser um teste para o Bitcoin, mas também uma oportunidade — volatilidade significa risco, mas também potencial de retorno.