Limbo geopolítico interrompe vendas do H20 e obscurece perspectivas da Nvidia na China

A Nvidia apresentou resultados melhores do que o esperado para o seu segundo trimestre, impulsionados pela forte demanda por seus chips de data center, mas a empresa enfrenta incertezas contínuas em relação às vendas de seus chips H20 na China. A fabricante de chips reportou uma receita de US$ 46,7 bilhões, superando as estimativas dos analistas de US$ 46,1 bilhões, com lucro ajustado por ação de US$ 1,04 contra uma projeção de US$ 1,01 [4]. No entanto, a ausência de vendas dos chips H20 para clientes chineses durante o trimestre impactou significativamente a receita, com a contribuição da China caindo para US$ 2,8 bilhões em comparação com US$ 5,5 bilhões no primeiro trimestre [1].

Os chips H20, que são uma versão menos potente da arquitetura Hopper da Nvidia projetada para cumprir as regulamentações de exportação dos EUA, estão no centro de uma disputa geopolítica entre os EUA e a China. Em abril, a administração Trump impôs uma proibição de exportação das vendas do H20 para a China, resultando em uma perda de receita de US$ 2,5 bilhões e custos de inventário de US$ 4,5 bilhões para a Nvidia [1]. Em julho, a administração indicou que emitiria licenças de exportação para vendas do H20 à China em troca de uma participação de 15% da receita para o governo dos EUA. No entanto, nenhuma regulamentação formal foi publicada, deixando o acordo em um limbo legal devido a preocupações constitucionais sobre impostos de exportação [1].

Agravando a questão, o governo chinês tomou medidas para desencorajar o uso dos chips H20, citando preocupações de segurança nacional. Autoridades locais teriam solicitado que empresas de tecnologia reduzissem sua dependência desses chips e convocaram a Nvidia para discussões sobre potenciais riscos de segurança, como backdoors ou capacidades de acesso remoto [2]. Em resposta, a Nvidia teria pedido a fornecedores-chave, incluindo Samsung Electronics e Amkor Technology, que suspendessem a produção dos chips H20 [2]. Essa medida sugere que a empresa está se preparando para restrições prolongadas, apesar da indicação recente de que um número limitado de clientes chineses recebeu licenças de exportação.

A incerteza geopolítica também afetou o sentimento dos investidores. Embora as ações da Nvidia tenham subido nas negociações iniciais após o relatório de resultados, caíram quase 3,1% no after-market [4]. A reação contida dos investidores pode ser atribuída ao fato de que os chips H20 são baseados em uma arquitetura mais antiga e não representam mais uma parte central da vantagem competitiva da empresa. Em vez disso, os investidores parecem mais focados em produtos futuros, como a GPU da arquitetura Blackwell e a aguardada plataforma Vera Rubin [3].

A Nvidia delineou uma perspectiva cautelosa para o terceiro trimestre, prevendo uma receita de aproximadamente US$ 54 bilhões, excluindo as vendas do H20 para a China [4]. A CFO Colette Kress afirmou que a empresa poderia gerar entre US$ 2 bilhões e US$ 5 bilhões em receita com o H20 no terceiro trimestre, caso as tensões geopolíticas diminuam e mais pedidos sejam garantidos [1]. No entanto, a falta de clareza em torno do acordo de compartilhamento de receita de 15% e as paralisações contínuas na produção destacam a natureza precária da estratégia da empresa para a China. A situação permanece fluida, com potenciais desafios legais e ambientes regulatórios em mudança representando riscos significativos para a capacidade da Nvidia de recuperar espaço no mercado chinês.

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