Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio
O White Paper do Bitcoin, publicado por Satoshi Nakamoto em 31 de outubro de 2008 e que agora completa 17 anos, é um marco histórico não apenas para o Bitcoin, mas para todo o ecossistema de criptoativos. Foi nesse documento que se delinearam as bases de uma nova moeda digital descentralizada, capaz de operar como meio de pagamento entre pares, sem necessidade de intermediários ou confiança em terceiros.
A ideia era tão disruptiva que inaugurou um novo paradigma econômico: um sistema aberto e acessível a qualquer pessoa com conexão à internet – a tecnologia blockchain, que está redefinindo a nossa relação com o dinheiro, o valor e a liberdade financeira. Essa visão me inspirou profundamente e foi determinante para a criação da Ripio em 2013. Eu e meus sócios acreditávamos que o impacto dessa inovação seria imenso – e o tempo comprovou isso. Hoje, 17 anos após a publicação do White Paper, os efeitos dessa inovação são incontestáveis.
O Bitcoin, negociado globalmente e usado por milhões de pessoas e instituições como reserva de valor, proteção e meio de pagamento, se tornou um dos principais ativos do mundo, com uma capitalização de mercado que ultrapassa US$ 2 trilhões e com o volume de Bitcoins sob controle de empresas atingindo níveis sem precedentes.
De acordo com levantamentos recentes, companhias de capital aberto ao redor do mundo já acumulam aproximadamente US$ 118 bilhões em BTC, o equivalente a 1,02 milhão de unidades da criptomoeda. Trata-se de um novo recorde histórico, que reflete o amadurecimento institucional do mercado e o interesse crescente do setor corporativo por essa reserva digital de valor. Atualmente, 172 empresas fazem parte desse grupo, o que representa um avanço de quase 40% em apenas um trimestre, segundo dados da Bitwise. É dentro desse movimento que a Ripio se consolidou como protagonista do mercado cripto latino-americano, com um alcance de mais de 25 milhões de usuários em oito países e um ecossistema cripto robusto de soluções B2C e B2B.
O BTC e outros criptoativos representam alternativas valiosas de investimento e de uso cotidiano. Eles oferecem autonomia ao eliminar intermediários, garantem rastreabilidade e segurança das transações 24 horas por dia, 7 dias por semana, e permitem transferências globais quase instantâneas, sem barreiras, taxas de câmbio ou custos elevados. Essa natureza universal e acessível torna os criptoativos especialmente relevantes em regiões como a América Latina, onde a inflação crônica e a instabilidade econômica e cambial pressionam o poder de compra da população.
Há também outras facilidades que ajudam na adesão cada vez maior a esse ecossistema, inserindo-o no dia a dia de cada um, no momento de realizar compras, inclusive. No segmento B2C, a Ripio oferece o Ripio Card: um cartão pré-pago internacional que permite realizar pagamentos em qualquer lugar do mundo. Além da praticidade, os usuários ainda recebem cashback de até 2% em BTC, ETH ou USDT pagando com cripto; e 0,5% pagando em reais ou em pesos argentinos. É assim que transformamos o uso de cripto em uma solução real, útil e cotidiana.
Na região, o uso de criptomoedas é uma resposta concreta aos desafios financeiros da população. Dados da Chainalysis apontam que só no último ano, a adoção cripto na América Latina cresceu 63%. O Brasil saltou do 9º para o 5º lugar no ranking entre os países que mais adotam criptomoedas no mundo. Argentina (#20) e Venezuela (#18) também figuram entre as primeiras posições.
Nos últimos anos, o Bitcoin conquistou validação institucional com a entrada de grandes players financeiros e avanços regulatórios que reforçam seu papel no sistema tradicional. Em janeiro de 2024, os Estados Unidos aprovaram os primeiros ETFs à vista de Bitcoin. De acordo com dados da Newhedge, hoje há um total de US$ 161 bilhões em ativos sob gestão (AUM) divididos entre 12 fundos.
Recentemente, o Bitcoin voltou a mostrar sua força e relevância no cenário global ao atingir uma nova máxima histórica de US$ 126.199 em 6 de outubro – após um rali de valorização superior a 15% no semanal. Esse movimento reforça o amadurecimento do mercado e o crescente interesse de investidores e instituições em torno do ativo.
No dia 10 de outubro, um evento atípico abalou os mercados globais: um choque geopolítico desencadeou um forte sell-off, afetando, tanto os mercados tradicionais (TradFi), quanto o setor cripto. Ativos de risco despencaram e a volatilidade se espalhou aceleradamente. Ainda assim, o Bitcoin mostrou resiliência ao se recuperar rapidamente, sem sequer revisitar as mínimas de 2025. Esse movimento reforça como o Bitcoin vem sendo usado como proteção concreta frente à desvalorização cambial, instabilidade geopolítica e perda de confiança nos sistemas tradicionais.
Em três anos, o Bitcoin cresceu 688%. Só em 2025, o ativo já acumula uma valorização de 69% entre a mínima e a máxima anual. Mais do que números, esses dados simbolizam a consolidação de uma ideia que há 17 anos parecia impossível: a de um sistema financeiro mais aberto e global, acessível 24/7 para pessoas, empresas e governos.
Entre o segundo e o terceiro trimestre de 2025, as reservas corporativas de Bitcoin cresceram de forma expressiva: as empresas adquiriram cerca de 193 mil novos BTCs, o que representa um aumento de 20,68% no volume total mantido em tesourarias. Além disso, companhias privadas e ETFs também ampliaram suas participações em 2,21% e 6,7%, respectivamente. Esse movimento foi impulsionado tanto por novas compras quanto pela recente valorização do ativo, que adicionou mais de US$ 1 bilhão em valor em apenas uma semana. A expansão das reservas corporativas reforça a visão do BTC como uma reserva de valor estratégica, capaz de proteger o patrimônio contra a inflação e oferecer retornos mais consistentes do que alternativas tradicionais.
Nos últimos dois anos, companhias abertas, gestoras globais e até governos passaram a adicionar Bitcoin em seus balanços, enquanto outras estão criando produtos financeiros baseados em cripto. Entre as que mais se destacam está a Strategy (antiga MicroStrategy), que lidera o movimento com mais de 640 mil Bitcoins acumulados nos últimos cinco anos, um montante avaliado em mais de US$ 70 bilhões. No Brasil, Méliuz e OranjeBTC são as únicas companhias listadas em bolsa que mantêm Bitcoin como principal ativo de reserva, enquanto empresas como Mercado Livre, Tesla e SpaceX seguem entre as maiores detentoras globais. Essa tendência reduz a oferta circulante e fortalece a pressão estrutural de valorização sobre o ativo, consolidando sua posição como o “ouro digital” do século XXI. Como mencionei anteriormente, atualmente mais de 170 empresas listadas em bolsa detêm a criptomoeda, reforçando a legitimidade do ativo no cenário financeiro mundial.
Na Ripio, acompanhamos esse movimento de perto também por meio da nossa vertical B2B. A Ripio Business já atende mais de 2.500 mil empresas de diferentes segmentos, oferecendo soluções para integração de ativos digitais nas estratégias de tesouraria e serviços financeiros dessas companhias.
Por trás da adoção crescente está uma transformação estrutural no papel do Bitcoin na economia. Segundo o relatório Bitcoin Long-Term Capital Market Assumptions, da Bitwise, o BTC pode capturar entre US$ 1 trilhão e US$ 5 trilhões em demanda adicional nos próximos 10 anos. O estudo indica que essa nova riqueza deverá vir de tesourarias corporativas, reservas nacionais, moedas de países emergentes, remessas internacionais, reservas de valor e ativos offshore. Ou seja, trilhões de dólares hoje alocados em outras classes tradicionais podem migrar gradualmente para o Bitcoin.
A próxima década pode marcar de maneira ainda mais expressiva a consolidação do BTC como o principal ativo de investimento para pessoas, empresas e governos. Com o report “Como o Bitcoin está remodelando o cenário financeiro corporativo”, desenvolvido pelos executivos da Ripio Business –vertical de negócios B2B da Ripio – podemos perceber que há uma ascensão do ativo como reserva estratégica em empresas de diferentes setores e países, evidenciando uma mudança estrutural na forma como corporações gerenciam seus recursos e diversificam tesourarias.
Segundo o relatório, 2025 marca um ponto de inflexão para o mercado cripto institucional. Em apenas oito meses, os ETFs de Bitcoin somaram mais de US$ 60 bilhões em aportes (o maior lançamento da história global) e já reuniram, até setembro, mais de 1,3 milhão de BTCs custodiados, o equivalente a 6,57% da oferta total em circulação. Esse avanço impulsionou uma onda de adoção corporativa: 175 empresas no mundo já possuem o ativo em seus balanços, quase o triplo do número registrado em 2024. É possível acessar o material na íntegra e baixar o estudo, por meio do link .
Todos os dados convergem para a mesma conclusão: o Bitcoin é o ativo mais valioso da última década. É também o mais escasso e transparente em circulação, com uma oferta limitada a 21 milhões de unidades. Qualquer pessoa ou empresa pode comprar, custodiar e transferir satoshis (a menor fração da moeda) a qualquer hora, em qualquer lugar, sem depender de autorização de terceiros.
Celebrar os 17 anos do White Paper do Bitcoin é reconhecer não apenas o legado dessa inovação, mas também todo o caminho e resultados conquistados desde então. É olhar para frente e entender que ainda há muito a construir em direção a um futuro financeiro mais aberto, inclusivo e financeiramente livre.
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