Por que a BlackRock se tornou indispensável para os ETFs de cripto

Desde quando uma única empresa pode determinar o clima no universo cripto? A BlackRock, esse gigante das finanças tradicionais, agora parece desempenhar esse papel com os ETFs de cripto. Em 2025, um simples fato resume a situação: sem a BlackRock, os fluxos de investimento em ETFs de Bitcoin seriam negativos. Então, será que esse império financeiro pode arbitrar o futuro das altcoins, decidir os vencedores e enterrar os perdedores antes mesmo do início?

IBIT, o grande refúgio para capital em busca de bitcoin regulado

Os números não mentem: o iShares Bitcoin Trust (IBIT) da BlackRock atraiu 28.1 bilhões de dólares em 2025. Sem ele, o total dos ETFs de Bitcoin apresenta um saldo negativo de 1.27 bilhão de dólares. Em outras palavras, o IBIT sozinho está puxando a indústria cripto pelos cabelos, resgatando-a de uma estagnação preocupante.

Não é apenas um efeito de tamanho. É um efeito de confiança. Para muitas instituições, a BlackRock é a garantia de exposição ao bitcoin, mas sem a complexidade técnica das carteiras ou a volatilidade das exchanges de cripto. Graças à gestão regulada, à Coinbase como custodiante e a um método de avaliação transparente, o IBIT preenche todos os requisitos de um aluno exemplar.

Até mesmo Geoff Kendrick, do Standard Chartered, admite: a principal parte do impulso de alta do bitcoin em 2025 é alimentada por esses fluxos de entrada.

Então, quando Vetle Lunde (K33 Research) escreve no X “No BlackRock, no party”, não é uma piada. É um diagnóstico. Esse fundo não apenas participa: ele sustenta sozinho toda uma fachada de solidez do mercado institucional de cripto.

Sem a BlackRock, as altcoins dançarão sozinhas?

O próximo capítulo será disputado com os ETFs de altcoins e, pela primeira vez, a BlackRock não reservou um lugar na linha de frente. Nenhum anúncio de produto para Solana ou XRP no horizonte. Esse vazio gera esperança entre alguns concorrentes... mas também dúvidas.

O JPMorgan menciona um potencial de 3 a 6 bilhões de dólares para um ETF de Solana. A Bitget mira até 6 bilhões. Esses valores estão longe de ser desprezíveis. Mas cuidado com as comparações. Os ETFs de Bitcoin atingiram 6% de adoção do market cap do BTC em seis meses. Para os ETFs de Ethereum, é metade disso.

Sem a credibilidade da BlackRock, os ETFs de altcoins terão que se provar em um mercado mais arriscado, sem o respaldo de uma marca respeitada globalmente. Isso pode desacelerar investidores institucionais hesitantes. Porque, enquanto o IBIT tranquiliza, nada garante que alternativas para SOL ou XRP terão o mesmo efeito de porto seguro.

Esse vazio certamente pode abrir espaço para jogadores ousados: Fidelity, Ark Invest ou Bitwise, que desejam ganhar terreno. Mas sem o efeito de aura, esses novos produtos provavelmente receberão menos impulso, e os investidores não se apressarão tanto.

Um efeito BlackRock transformado em sistema? O equilíbrio do ecossistema cripto em questão

Atualmente, a BlackRock detém cerca de 60% dos ativos dos ETFs de Bitcoin dos EUA. É mais do que dominância; é um domínio absoluto sobre a imagem de solidez no mercado cripto regulado. No entanto, esse poder também levanta uma questão: quando uma única empresa captura tanto, o que resta para as outras?

O desequilíbrio é ainda mais marcante ao olhar para o outro lado da moeda: a Grayscale e seu GBTC, inicialmente vistos como pioneiros, registraram saídas acumuladas de 24.6 bilhões de dólares desde 2024. Mesmo fundos bem-intencionados não conseguem acompanhar.

Diante disso, a ausência da BlackRock nas altcoins pode criar uma janela estratégica. Aqueles que ousarem aproveitá-la podem conquistar uma nova clientela, menos ligada aos gigantes de Wall Street. Mas a confiança ainda precisará ser construída.

Os 5 fatos-chave que estão remodelando o cenário dos ETFs de cripto

• 28.1 bilhões de dólares investidos no IBIT em 2025: um recorde inigualável;
• 92.66 bilhões de dólares em ativos geridos pelo IBIT: cerca de 4% do total de BTC em circulação;
• Apenas um mês de saídas líquidas para o IBIT desde seu lançamento (fevereiro de 2025);
• 24.62 bilhões de dólares em saídas para a Grayscale: a maior retirada do setor;
• 0 dólares anunciados pela BlackRock para ETFs de Solana ou XRP: o silêncio é revelador.

A BlackRock recentemente ultrapassou o patamar de 800.000 BTC detidos via IBIT, fortalecendo ainda mais sua posição dominante. Esse número não é apenas um recorde: é um sinal. Um lembrete de que a adoção institucional do Bitcoin hoje passa por gigantes que sabem falar a linguagem de Wall Street... e a das criptos.